quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ensinamentos



dizem cá que foram eles que inventaram essa coisa chamada saudade. deve ser. e ensinaram bem. sinto-a todo dia, não o tempo todo, mas basta uma coisinha me lembrar de alguém, um cheiro espiralar perto de minhas narinas, que lá vem ela. saudade é o amor que fica, dizem por aí. saudade é o amor que eu levo de um lado pro outro, isso sim. saudades de coisas que nunca achei que iria sentir, de lugares que já havia cansado de ver. essa falta que sinto dos meus livros, um do lado do outro, por cima do outro, esmagando o próximo por falta de um espaço maior, juntando o pó dos dias que passam. saudade de risadas e gritos e gargalhadas. eis que então um sorriso amigo desce do trem. alegria, conversa, sinto-me em casa fora de casa. sons que soam naturais aos meus ouvidos. saudades um pouco sanadas.

4 comentários:

  1. Delícia de texto! Êba! He's back!

    Big hug
    Anne

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  2. quem inventou ou ensinou, não sei. mas gosto da tua ideia de que seja o amor que levamos de um lado pro outro. esses coloridos que se afixaram por um ou outro motivo na memória e que, não raro por acaso, provocam sorriso apenas ao serem imaginados, são dos melhores sentidos de uma vida inteira. as saudades completamente sanadas seriam como o fim das lembranças e da necessidade de lembrar. que esse aperto, esse suspiro, essa necessidade nunca acabe (e que prossigas compartilhando eles com a gente por aqui).

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  3. Sim, sinto-me como disseste. Por mais que me sinta em casa aqui, por mais que seja amada e sentida pelos meus queridos de cá, falta alguma coisa. Faltam sons, cheiros, sabores... Toques. Saudade até do que desdenhei. Nostalgia pura, alegria por saber que o amor está aqui dentro. E sempre estará.

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  4. Não sei quem inventou a saudade, e nem me importo, mas eu sinto ela sempre. Quando me oferecem gengibre que eu detesto, quando eu faço uma canecona mestre de chá, quando eu paro pra comer algo no aquário, quando meu telefone toca com um número de longe, quando eu passo na frente da top e tu não sai gritando "Valerie" lá de dentro. =) Mas é uma saudade boa, "por uma boa causa", um bom motivo. Não te amo mais só porque tu tá longe, mas a estranheza de saber de que tu não tá a uns minutos da minha casa me fez ver como é gigante o que eu sinto por ti. Uma beijoca grande! (E eu goste de ler quando tu escreve por aqui, embora não comente nunca)

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