quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ensinamentos



dizem cá que foram eles que inventaram essa coisa chamada saudade. deve ser. e ensinaram bem. sinto-a todo dia, não o tempo todo, mas basta uma coisinha me lembrar de alguém, um cheiro espiralar perto de minhas narinas, que lá vem ela. saudade é o amor que fica, dizem por aí. saudade é o amor que eu levo de um lado pro outro, isso sim. saudades de coisas que nunca achei que iria sentir, de lugares que já havia cansado de ver. essa falta que sinto dos meus livros, um do lado do outro, por cima do outro, esmagando o próximo por falta de um espaço maior, juntando o pó dos dias que passam. saudade de risadas e gritos e gargalhadas. eis que então um sorriso amigo desce do trem. alegria, conversa, sinto-me em casa fora de casa. sons que soam naturais aos meus ouvidos. saudades um pouco sanadas.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

chapéu de chuva




e como chove cá! semanas a fio a chover sem parar. coimbrões acostumados com isso nem reclamam mais. eu vim do pântano, eu deveria estar acostumado. deveria achar normal. não acho. foi-se o tempo em que a chuva era boa companhia. agora o que eu quero é sol. e verão. é estranho sair do inverno e chegar no inverno. novamente casacos e jaquetas e mantas e luvas são companheiros fiéis. e o guardachuva, o chapéu de chuva, como insistem os coimbrões em dizer cada vez que chamo meu companheiro protetor pelo nome me foi ensinado. reaprender a falar a própria língua é novo. as vezes irritante, mas como isso não se chama assim? como esse acento não é circunflexo? como se diz isso? e não, não sou do rio. não moro nem perto do rio. sabes onde fica o uruguai? pois é lá. bem lá. o uruguai é o pátio da minha casa. e pinga e chove e pinga e chove e venta. apertando a manta subo as escadas monumentais, sono pós almoço, aula a tarde toda. e chove e pinga e chove.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Agora sou imigrante em Coimbra!

Para começar os trabalhos deixarei clara minha devoção a um grande mestre, mestre esse que inspira o nome deste blog: Bruno Aleixo. Em sua emblemática infancia nosso herói almejava ser imigrante em Coimbra e poder dormir em sua própria cama! Cá estou eu, não nascido em Coimbra, mas dormindo em minha própria cama! Pretendo cá despejar coisas que encontro pelas ruas dessa cidade, entre uma capa preta e outra, em alguma ruelinha qualquer onde se apertam todos para fugir das chuvas.




Até logo pá!